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UMA VERDADEIRA GUERRA CIVIL


Confrontos entre policiais e traficantes deixam 26 mortos no Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO - Ao menos vinte e seis pessoas morreram nesta terça-feira em confrontos no Rio de Janeiro. Na noite de ontem, tiroteios entre criminosos e policiais militares e um assalto a um policial civil deixaram cinco mortos. As informações são da rádio "CBN".

Um embate na tarde de ontem entre traficantes de facções rivais no Morro da Mineira, no Catumbi, zona norte, deixou pelo menos 13 mortos. Em outro conflito em Senador Camará, zona oeste do Rio, seis supostos traficantes foram mortos. Durante a tarde, uma tentativa de assalto no centro da cidade causou a morte de mais duas pessoas.

Segundo o jornal “O Globo” desta quarta-feira, o Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública já sabia das possibilidades de invasão de traficantes para retomar os pontos de venda de drogas do Morro da Mineira. A favela estava sendo monitorada há meses, mas segundo o chefe do Estado-Maior da PM, coronel Samuel Dionísio, a polícia não ocupou a favela com antecedência porque as informações poderiam não ser verdadeiras.

Na operação, os policiais contaram com o apoio do blindado conhecido como "Caveirão", que teria sido usado para a remoção dos corpos segundo policiais que participaram da operação.

"Sei que são brigas de facções e, como o Morro da Mineira é muito central, imediatamente o batalhão foi acionado, subiu, fez as contenções e agora tenho que ver o que aconteceu. A configuração geográfica facilita esses núcleos de violência se instalarem. Se fosse uma cidade como Brasília, isso não aconteceria'", disse no fim da manhã o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, que participava de visita à 6a edição da Latin America Aero & Defence (LAAD 2007), evento voltado ao segmento de defesa.

O confronto começou por volta de 5h de ontem. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram acionados e ocuparam a favela. O barulho de tiros assustou moradores e motoristas que se refugiaram dentro de estabelecimentos comerciais.

O confronto assustou os motoristas que trafegavam pelo túnel Santa Bárbara, no sentido Catumbi. A Polícia Militar chegou a interditar a galeria. O túnel, um dos principais acessos entre o centro e a zona sul, foi reaberto por volta de 8h40, o que causou congestionamento nas imediações. Dois carros foram abandonados no viaduto. Por volta das 10h, o túnel foi novamente interditado.

Com os detidos, os policiais apreenderam um fuzil, quatro pistolas, uma granada, munições e carregadores.

Segundo a Polícia Militar, dos oito supostos traficantes presos, quatro são menores.

A ação dos policiais assustou quem estava no cemitério. Funcionários chegaram a se esconder na sala da administração. Os velórios e enterros no local foram suspensos temporariamente.

Vítimas de balas perdidas:

Jorge Henrique Cruz Santos, de 31 anos, que estava em um ônibus foi atingido na cabeça por uma bala perdida no Elevado 31 de março, próximo ao Cemitério do Catumbi. Ele foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio.

Um motorista, ainda não identificado, também foi atingido durante o confronto próximo ao viaduto. Ele foi socorrido por uma viatura da PM.

O feirante Reginaldo da Silva, de 37 anos, morador do Morro da Mineira foi atingido na barriga por uma bala perdida ao descer a favela. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro.

ASSASSINATO EM PONTO DE ÔNIBUS

Após 15 horas, criminoso desmaia e é dominado no RS.
Porto Alegre - Depois de resistir por 15 horas ao cerco da polícia e ameaçando se suicidar, o zelador José Erni Nunes da Rosa, de 36 anos, desmaiou dentro da igreja onde havia se refugiado, em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre. Ele foi levado a um hospital e deve ser conduzido à Delegacia de Viamão, cidade vizinha a Alvorada, logo que tiver alta. Rosa é acusado de envolvimento na morte da jovem Jaqueline da Costa Subtil, de 19 anos. A polícia investiga se o zelador é o atirador ou o mandante do assassinato.

De acordo com as informações policiais, um homem desceu de um automóvel e disparou diversos tiros contra três pessoas que estavam em uma parada de ônibus, matando a jovem Jaqueline, e ferindo Márcio Aurélio Gunia, de 35 anos, e Nair Magedanz, de 31 anos, na Vila Elza, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, ontem ao amanhecer.

Seguindo as primeiras informações, a polícia foi a Alvorada, município vizinho a Viamão, em busca do zelador de uma igreja pentecostal identificado como José Erni Nunes da Rosa. Ao saber da perseguição, ele se refugiou no templo, disse aos policiais militares que cercaram o local que assumia o assassinato e, como estava armado, passou o dia ameaçando se suicidar.

Apesar das declarações de Rosa, o caso não está esclarecido. As testemunhas Gunia e Nair, ouvidas depois de receberam atendimento em hospitais de Viamão e Porto Alegre, contaram ao delegado Carlos Miguel Xavier, da Polícia Civil, que o autor dos disparos seria outro. Descreveram um homem magro, baixo, branco, aparentando 30 anos, que, segundo o relato, desceu do automóvel dirigido por Rosa e disparou nos pés das três pessoas que estavam na parada de ônibus e depois no corpo de Jaqueline, quando ela tentava correr.

Segundo vizinhos e familiares, Rosa assediava Jaqueline há cerca de um ano e ficava frustrado com as negativas dela, que, inclusive, estava se programando para ir denunciá-lo à polícia nos próximos dias.

Os investigadores descobriram que o zelador guardava recortes de jornais com notícias de crimes passionais e tinha o porte de três armas. "Ele é uma pessoa conturbada", constatou o major Pedro Joel Silva da Silva, depois de passar o dia nas negociações com Rosa.

VÍTIMAS INOCENTES EM UNIVERSIDADE NORTE AMERICANA

O estudante sul-coreano que matou 32 pessoas na universidade Virginia Tech morava nos Estados Unidos havia 14 anos, mas vizinhos e colegas disseram saber muito pouco sobre sua vida. Antes de cometer o pior ataque atiros na história moderna dos Estados Unidos, na segunda-feira, Cho Seung-Hui deixou um bilhete em que atacava os "garotos ricos", a "depravação" e os "charlatães enganadores" do campus, afirmou na terça-feira o jornal Chicago Tribune."Vocês me fizeram fazer isso", escreveu Cho, segundo a ABC News, que citou fontes da área de segurança. O estudante, que tinha 23 anos e cursava literatura em língua inglesa, já tinha dado sinais de comportamento incomum, como quando iniciou um incêndio num quarto do alojamento da universidade ou ao perseguir mulheres, disse o Tribune, que usou como fontes pessoas próximas à investigação. Segundo o jornal, os investigadores acreditavam que Cho já havia tomado, em algum momento da vida, remédios contra a depressão. "Ele era muito calado, estava sempre sozinho", disse ao jornal Abdul Shash, vizinho da família de Cho em Centreville, na Virgínia. Segundo Shash, Cho passava a maior parte de seu tempo livre jogando basquete, e não respondia quando alguém o cumprimentava. A polícia identificou Cho na terça-feira como o responsável pelas mortes na respeitada universidade, que tem 26 mil estudantes e fica na pacata cidade de Blacksburg. A polícia disse que o rapaz parece ter usado correntes para trancar as pessoas nas salas. Testemunhas contaram que ele foi de sala em sala, matando as pessoas calmamente. "Não havia nenhuma vítima com menos de três ferimentos de bala", disse à CNN o médico Joseph Cacioppo, que atendeu algumas das vítimas. Havia mortos e feridos em pelo menos quatro salas de aula e numa escadaria, afirmou a polícia. O corpo do atirador estava no meio de várias das vítimas.

A MORTE DE UM ANJO INOCENTE DENTRO DE UMA IGREJA

Um dos crimes mais bárbaros registrados em Santa Catarina nos últimos anos envolvendo a prisão do pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário, de 22 anos, pôs fim ao inquérito policial. Oscar estava hospedado na casa dos pais, onde moram outros três irmãos, todos menores, no bairro Cristo Rei e foi preso por policiais de Canoinhas em auxílio a uma diligência de dois homens da Polícia Civil de Joinville, responsável pelo inquérito.

Oscar confessou o assassinato da menina Gabrielli Cristina Eichholz, de um ano e seis meses. De acordo com o delegado Altair Muchalski, Oscar teria dito que teria tomado uma garrafa de cachaça na manhã de sábado, e ao passar pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, depois de avistar a menina em frente ao templo, decidiu abordá-la, pegando-a pela mão e levando-a para os fundos da Igreja, obrigando-a a sentar-se em seu colo, quando então a violentou. Como a criança teria começado a gritar, Oscar teria espancado e arremessado a criança contra o chão. Ao perceber que a menina estava desacordada, jogou-a na pia batismal.

A Polícia de Joinville revelou ainda que Oscar disse ter visto a menina sozinha no pátio da igreja ainda em construção e a levou para uma escada, onde a estuprou. Depois tentou matá-la por estrangulamento antes de jogá-la na pia batismal que fica atrás do altar, separado por uma parede. Oscar teria dito ainda que entrou facilmente pelo portão. A Igreja estava lotada com pelo menos 200 fiéis neste momento, mas ninguém testemunhou o crime. Quando encontrada, Gabrielli estava agonizando, chegou a ser levada ao Hospital, mas morreu no caminho.

Pela primeira versão das auxiliares da Igreja responsáveis por cuidar dos filhos dos fiéis, o assassino teria fingido ser o pai para tirá-la de uma sala onde estavam 20 crianças fazendo recreação.

SEM ESBOÇAR REAÇÃO

Ao ser preso no início da manhã de segunda-feira, na varanda da casa de seus pais, Oscar não esboçou qualquer reação. Chegou a segurar os cachorros que avançaram contra os policiais. Na Delegacia, não demorou a confessar o crime ao delegado da Divisão de Homicídios de Joinville, Rodrigo Bueno Gusso. Rosário teve prisão preventiva decretada pela 1.ª Vara Criminal de Joinville.
O pedreiro estava na lista de suspeitos da Polícia porque testemunhas afirmaram que ele saiu às pressas de Joinville no mesmo dia do crime. Ele teria praticado furto em uma Igreja em Joinville e teria trabalhado como pedreiro em uma obra da própria Igreja onde o crime aconteceu, o que foi afirmado pelo avô da criança assassinada, mas negado por Oscar que disse que não freqüentava a Igreja Adventista, nem estava no culto.

A Polícia disse que não revelaria detalhes do seu depoimento preliminar, ainda na Delegacia de Canoinhas, por considerar um relato forte. O delegado encarregado pelo inquérito proibiu a presença da imprensa na Delegacia enquanto Oscar prestava depoimento. A saída da diligência para Joinville aconteceu de forma discreta, pelos fundos da Delegacia.

Oscar tinha ficha na Delegacia de Canoinhas por prática de pequenos furtos. Foi trabalhar em Joinville em dezembro passado e ficou hospedado na casa de familiares.
O acusado chegou a Joinville ainda na noite de segunda-feira sob forte aparato policial. Quatro delegados e cerca de 20 policiais fizeram parte do comboio que levou Oscar até a Delegacia Regional. Ele chegou na Delegacia encapuzado e misturado a outros policiais, que também vestiam capuz. A Polícia informou que não está definido em qual local ele ficará preso, por temer por sua segurança. Com a confissão do pedreiro de Canoinhas, o caso foi considerado encerrado pela Polícia.

Tentativa de suicídio na reconstituição

A reconstituição do crime, na manhã de terça-feira, 13, foi marcada por uma tentativa de suicídio. A agente de trânsito municipal Evelize Holz Colin da Silva tirou a arma da cinta do policial civil mais próximo e disparou contra o peito, tentando se matar. Ao cair, começou a sangrar no peito e pela boca.
O torneiro mecânico Nilson Padilha, uma das testemunhas da cena, disse que Evelize "chorava desesperada" durante a reconstituição do crime.
A agente não corre risco de morte. A bala raspou o pulmão, mas o ferimento não comprometeu nenhum órgão vital.



Repercussão nacional

O caso ganhou repercussão nacional. Foi a primeira notícia dada pelo jornal Bom Dia Brasil da Rede Globo na terça-feira, 12. A reportagem foi repetida nos jornais Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo. Matérias foram publicadas nos principais veículos de mídia do País. A prisão foi matéria de capa dos jornais Diário Catarinense e A Notícia ainda na terça-feira, 13.

O jornal Folha de S. Paulo destacou a prisão com foto de capa, na edição de quarta-feira, 14, trazendo cobertura completa do caso feita pela equipe de reportagem que o jornal mantém em Joinville. O jornal O Globo também destacou o caso. O site Último Segundo, do grupo IG, manteve cautela ao lembrar que Oscar é suspeito, mas não omitiu o fato de ele ser canoinhense. O jornal Zero Hora, o maior do Sul do Brasil, acrescentou ainda que Oscar era viciado em drogas.

A Agência Estado, responsável pela publicação do jornal O Estado de S.Paulo, lembrou que Oscar foi acusado há dois anos de ter molestado duas meninas com 9 e 10 anos. As mães das meninas, no entanto, teriam decidido por não registrar queixa. À agência, o delegado Gusso teria revelado detalhes do depoimento. Oscar teria confessado o crime com grande frieza e naturalidade, segundo o delegado. De acordo com a reportagem, ele teria dito que nunca tinha estado no local e que nem sabia que a pia, que é usada para imersão total no momento da cerimônia de batismo, era lugar de batismo dos fiéis. Para o acusado, segundo o delegado, era simplesmente uma banheira.

O CASO GABRIELLI
SÁBADO - 3/3
8h40 - Casal de primos leva Gabrielli à Igreja.

9 horas - Gabrielli fica na sala de estudos.

10 horas - A prima percebe que a garota sumiu. Uma senhora a acha de bruços no tanque batismal.

10h30 - Gabrielli chega sem vida ao hospital.

11 horas - Um primeiro suspeito é detido e solto.


DOMINGO - 4/3
Tarde - Laudo confirma que ela foi vítima de violência sexual e estrangulamento.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia divulga nota repudiando o crime.

SEGUNDA-FEIRA - 5/3
A polícia e a imprensa têm acesso ao templo.

Em Alegrete (RS), outro suspeito é detido, ouvido e liberado.

QUARTA-FEIRA - 7/3
Polícia convoca um adolescente a retirar sangue para exame de DNA. O advogado Sandro Tonial é contratado pela família.

QUINTA-FEIRA - 8/3
Chefe da Polícia Civil, o canoinhense Maurício Eskudlark, diz que um adolescente de 17 anos é o principal suspeito.

SEXTA-FEIRA - 9/3
Polícia joinvillense se nega a divulgar resultado do exame de DNA do principal suspeito e ouve novos depoimentos.

SEGUNDA-FEIRA - 12/3
Oscar é preso em Canoinhas.



"Só sendo um monstro", diz a mãe da menina assassinada

DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOINVILLE

Uma cena imaginária do momento em que sua menina está nas mãos do assassino é o que a dona-de-casa Andréia Pereira, 26 anos, diz que mais atormenta seus pensamentos desde o dia 3, quando sua filha foi estuprada e morta no templo de uma Igreja Adventista.
"É só o que me vem à cabeça. Não durmo, não como. Como uma pessoa vê um bebê ali e faz o que fez? Só sendo um monstro", desabafa. "Nem em filme acho que vi tanta crueldade”.
Aliviada com a prisão do suspeito do crime, Andréia diz que deseja a ele a pena máxima. "E que cumpra até o último dia" do tempo a que for condenado.
"Hoje, se é dez anos (de condenação), deixam por dois. Se é 30, por dez. Se ele for condenado a 30 anos ou mais, tem que ficar na prisão até o último dia", diz. "Que ele pague, é só o que pode me consolar um pouco”.
A mãe conta que a menina completaria um ano e sete meses na segunda-feira, 12, dia em que Oscar foi preso em Canoinhas e, segundo a Polícia, confessou o crime.
Andréia afirma que a família é evangélica freqüentadora da Assembléia de Deus. Gabrielli foi levada pela prima para o templo ainda em construção da Igreja Adventista da rua.
Aos filhos Guilherme, de seis anos e 11 meses, e Gustavo, de dois anos e dez meses, ela diz que a irmã morreu ao cair no tanque batismal da Igreja.
"Foi essa a versão que ouvi de dois homens engravatados (pastores) que vieram aqui quando minha filha foi levada para o hospital. Mas resistir ao afundamento do crânio e dilacerada por dentro, como foi encontrada, só se ela fosse de ferro. E só era um bebê pequenino, pesava nove quilos”.
Os pastores do templo onde Gabrielli morreu não deram entrevistas nem permitiram acesso ao local.

“Ele destruiu duas famílias”, dizem pais do assassino

Ao saber que o filho seria o assassino da pequena Gabrielli, a mãe de Oscar, Gracilda Tavares do Rosário tentou suicídio com uma faca, sendo impedida pelo marido. “Não estou chorando mais porque não tenho o que chorar” disse Gracilda à nossa reportagem.

A mãe de Oscar trabalha como doméstica e foi avisada pelo marido, Osmar, que é operário de uma madeireira, da prisão do filho. Bastante abalada, disse que não havia conseguido falar com ele após a detenção, mas que, em momento algum, desconfiou que o filho pudesse estar envolvido num crime bárbaro.
Na casa dos pais, Oscar dormia no mesmo quarto dos irmãos. A mãe disse que, ao saber do motivo da prisão, chegou a perguntar para as duas meninas, uma de 15 e outra de 12 anos, sobre possíveis assédios do irmão, mas elas afirmaram que nunca aconteceu nada.

Bastante humildes, Osmar e Gracilda não conseguem entender como o filho conseguiu cometer um crime tão hediondo. “Ele sempre foi um rapaz educado, carinhoso, nunca demonstrou agressividade”, afirma o casal.

Oscar mostra a casa de quatro cômodos bastante modestos, como meio de afirmar para si mesmo que o filho não tinha motivos para o que fez. “Somos pobres, mas nunca faltou comida pra ele, nunca cobrei nada dele”, afirma. Ele conta que Oscar ligou na sexta-feira, 2, véspera do crime, pedindo dinheiro para retornar para Canoinhas, já que havia terminado uma empreitada como pedreiro e por estar desempregado, não estava se dando bem com os tios, na casa dos quais estava hospedado. O pai disse que não tinha o dinheiro, mas tentaria conseguir. No dia seguinte, cerca de uma hora antes do crime, Oscar voltou a telefonar para a família, sem demonstrar nenhuma alteração, e teria ficado triste pela família ainda não ter conseguido o dinheiro. Ele voltou a falar com os pais à tarde, quando soube que o pai havia conseguido os R$ 35 da passagem.

De acordo com Osmar, o filho chegou às 23h30min dom mesmo dia do crime em Canoinhas, estava amável, carinhoso e fazendo planos para o futuro. Nos próximos dias, até a prisão, tentou arrumar um emprego. Oscar admite que o filho é usuário de drogas desde os 14 anos, mas freqüentava o Centro de Apoio Psicossocial (Caps), que presta ajuda a dependentes químicos. Sobre a versão de que Oscar estava bêbado, Osmar disse que em casa, nunca viu o filho alcoolizado. No princípio, Osmar achou que o filho tivesse cometido o crime por dinheiro, a mando de alguém, mas lembrou que o filho veio sem dinheiro para casa. “Como ele acertou na terça-feira (na empreiteira em que trabalhou), acho que ele pagou a pensão (aos tios) e gastou o resto em droga, porque na sexta-feira ele estava sem dinheiro”, acredita Osmar.

O medo maior do casal é de que soltem o filho em uma cela lotada. “Não posso contratar um advogado, ganho R$ 350 por mês e não posso vender minha casa, tenho mais três filhos, mas não podemos deixar ele lá sozinho como se não tivesse família”, diz Osmar que chegou a procurar um advogado esta semana que o aconselhou a contratar outro em Joinville.
Para a família de Gabrielli, Gracilda disse que sente muito pelo erro do filho. “Penso muito na mãe da menina. Ele (Oscar) destruiu duas famílias”.

Polícia busca respostas

A Polícia não deve encerrar o inquérito sem antes responder a perguntas que não fecham com a versão do assassino. Como a menina saiu da sala onde estava sob os cuidados de duas monitoras e na companhia de mais três mulheres é a dúvida principal. De acordo com a Polícia, a versão de que a menina foi entregue a um homem que se apresentou como pai não procede, porque foi apenas uma suposição, ninguém afirmou.

Gabrielli foi encontrada ainda com fraldas, colocadas de "forma perfeita", segundo a mãe. De acordo com a Polícia, Oscar foi tão frio a ponto de recolocar a fralda e a calcinha da menina.

A principal pista que levou a polícia a encontrar o pedreiro foi o depoimento de uma pessoa para a qual Oscar teria comentado, sem detalhes, que teria cometido uma besteira.

Um exame de DNA que comprove a autoria do crime deve ser pedido pela Polícia nos próximos dias.

A dúvida quanto ao fato de a igreja estar cheia e ninguém ter visto Oscar, foi respondida pela Polícia com uma incógnita: “Se alguém viu ele, não revelaremos sua identidade”.

A Polícia diz ter certeza de que Oscar agiu sozinho.

As pessoas que estavam na Igreja no momento do crime serão ouvidas nos próximos dias.