O corpo da garota foi jogado dentro de uma cova no cemitério de Benguí, na capital paraense. O homicídio só foi elucidado porque os autores, em conversas via internet, divulgaram a história. Um dos interlocutores dos assassinos, o porto-alegrense Marcos Vinícius Fonseca Neto – que cursa História na PUCRS – acionou a Polícia Civil, o que provocou a prisão dos autores do crime. Eles confessaram ontem o homicídio, praticado durante um ritual satânico.
Marcos, 29 anos, conheceu os assassinos num jogo de RPG. Eles se apresentaram como integrantes de uma seita satânica, chamada Dark Angels. Foram meses de jogos e conversas. Desconfiado, ele pôs em dúvida o satanismo dos interlocutores. Via skype, entrou em contato com o suposto líder do bando, Ezequiel Abreu Calado, 18 anos. Para surpresa de Marcos, Ezequiel detalhou rituais e confessou o assassinato de Cíntia. Ainda mandou pela internet uma cópia de uma notícia de jornal, na qual aparece uma foto da jovem, morta, no cemitério.
– Gravei-o confessando o homicídio e mandei a cópia da gravação para o Disque-Denúncia da Polícia Civil gaúcha – relata Marcos.
Uma outra garota, também integrante da seita, igualmente confessou e detalhou o crime. As duas gravações feitas por Marco foram repassadas pelos policiais gaúchos a colegas do Pará. Foi em decorrência delas que a Justiça autorizou a prisão temporária dos envolvidos no crime.
– A motivação praticamente está definida, é a magia negra. O surgimento de uma gravação feita por esse internauta do Rio Grande do Sul agilizou as investigações – declarou à Rede Globo o delegado Eduardo Rollo, responsável pelas investigações no Pará.
Estudante de História, curioso nato, o universitário Marcos Vinícius Fonseca é daqueles entusiastas por internet que vivem conectados, com câmeras e gravadores sempre a postos. Já desejou ser policial e ainda sonha com a possibilidade de esclarecer crimes, como aconteceu agora nesse sangrento episódio no Pará.
Em casa, virou exemplo, orgulho da mãe e das irmãs. Aficionado em RPG, um tipo de jogo eletrônico via internet, ele prefere se enxergar como um “detetive virtual”. Ao receber Zero Hora ontem em sua casa, na zona sul de Porto Alegre, o jovem relatou como chegou aos assassinos de Cíntia Oliveira, adolescente de quem ele nunca ouvira falar: