Mães de estudantes da escola estadual, em Campo Mourão, no noroeste do Paraná, onde foram encontradas ossadas humanas relataram à polícia que já haviam reclamado do comportamento do zelador à direção da escola, segundo o superintendente da Polícia Civil, Claudinei Pereira.
O zelador é suspeito de ter assassinado duas jovens dentro da escola, onde morava e trabalhava havia 18 anos. De acordo com a polícia, ele confessou os crimes após ser preso na sexta-feira (13).
Segundo o delegado, mães e pais de alunos da escola, que tem cerca de 500 estudantes do ensino fundamental e médio, disseram que o zelador assediava e dava presentes a adolescentes. “Ele aliciava. Ficava dando presente para as crianças, caixa de chocolate. Para adolescentes, dava cigarro. Teve uma que ganhou celular de presente. Mãe foi à casa dele, devolveu e falou que não era para chegar perto da filha”, disse Pereira.
De acordo com o delegado, as reclamações nunca chegaram à polícia. "Iremos ouvir na segunda-feira os depoimentos de pais de estudantes que afirmaram que já haviam se queixado do zelador ao diretor da escola", afirmou Pereira.
No último sábado, policiais fizeram uma busca na casa do diretor da escola e encontraram uma arma sem registro. “Ele foi preso, pagou fiança e foi liberado. Não há qualquer indício de que tenha participação nas mortes ou que tenha ajudado o zelador”, disse Pereira.
Por telefone, uma funcionária da escola afirmou que o comportamento do zelador era normal. "Jamais desconfiamos. Era normal", afirmou.
O diretor da escola foi afastado do trabalho por 30 dias, segundo a Secretaria de Educação do Paraná. Nenhuma reclamação formal à secretaria havia sido feita sobre o zelador, de acordo com informações da assessoria de imprensa. O G1 procurou o diretor por telefone, mas ninguém atendeu as ligações.
O zelador foi preso em Sarandi, cidade próxima a Campo Mourão, no Paraná. A polícia civil de Campo Mourão chegou até o suspeito depois de criar, há cerca de quatro meses, uma força-tarefa para investigar crimes que estavam sem solução.
Segundo a polícia, uma adolescente de 17 anos desapareceu em 2008 e, desde então, seus perfis em redes sociais estavam sem atualização, embora a jovem, teoricamente, continuasse mandando mensagens via SMS para a família.
Segundo a polícia, as mensagens diziam que ela estava bem, que estava em São Paulo, depois que estava na Espanha, e que voltaria em breve. Quando a polícia procurou a família, soube que as mensagens também estavam sendo enviadas para o zelador da escola. De acordo com o relato das famílias à polícia, o zelador era muito amigo da menina, ia buscá-la em casa para levar para a escola, dava presentes.
A polícia resolveu conversar com o zelador, que chegou a mostrar a mensagem mais recente que teria recebido da menina, dando parabéns e dizendo que o amava. A polícia suspeitou do nervosismo do zelador.
O zelador morava numa casa que fica no pátio do colégio. A polícia expediu um mandado de busca e encontrou um celular no imóvel. Quando ligou, viu que era o celular da jovem desaparecida.
Quando a polícia voltou ao colégio, o zelador já não estava mais no local. Depois de outras buscas, foram localizados objetos e roupas no forro da escola e a família da garota reconheceu as roupas.
Na última sexta-feira, a polícia fez escavações no pátio do colégio e encontrou uma fossa desativada perto da porta da cozinha da casa do zelador, onde havia duas ossadas. O material será submetido à análise para saber de quem são as ossadas. Nesta quinta-feira (19), a polícia encontrou mais ossos humanos dentro de um saco e revistas pornográficas no forro de um dos blocos da escola.
Além da jovem desaparecida em 2008, outra família procurou a delegacia para comunicar o sumiço da filha – que também tinha contato com o zelador – há cerca de sete meses. Esta segunda família já teria identificado parte dos objetos localizados no forro do colégio.
De acordo com o que o suspeito contou para a polícia, em pelo menos um dos casos houve violência sexual. A polícia encontrou material pornográfico na casa do zelador, além de revistas teens e chocolates. [Fonte: G1]